Cigarrinha do milho: como identificar, principais danos e formas de controle

Nos últimos anos a cigarrinha do milho tem ganhado destaque entre os produtores rurais devido o seu potencial de dano nas lavouras de milho, principalmente por ser um inseto-vetor de doenças.

No Brasil, o milho é o único hospedeiro conhecido da cigarrinha, apesar do inseto poder utilizar outras culturas, como sorgo, trigo e brachiaria para alojamento. O clima tropical brasileiro é considerado favorável para o seu desenvolvimento, além do mais, a cigarrinha do milho vem sendo favorecida pelo plantio de milho safrinha.

Pensando no impacto que a cigarrinha do milho tem causado nos trabalhos do campo, neste artigo vamos abordar sobre os danos causados por esta praga, como identificar o inseto e principais formas controle.

Como a praga ataca a lavoura?

O dano ocasionado pela cigarrinha do milho acontece forma indireta, visto que o inseto é vetor de transmissores de três doenças sistêmicas: o enfezamento pálido, enfezamento vermelho e a risca do milho ou raiado fino.

Plantas do milho com enfezamento pálido (esquerda) e enfezamento vermelho (direita), , doenças causadas pela cigarrinho-do-milho. Fonte: Embrapa
Plantas do milho com enfezamento pálido (esquerda) e enfezamento vermelho (direita). Fonte: Embrapa

A transmissão das doenças começa quando a cigarrinha se alimenta da seiva de uma planta de milho doente e adquire os Molicutes (causador dos dois tipos de enfezamentos) ou o Marafivirus (causador da doença de risca do milho), classe de bactéria e vírus, respectivamente, que de fato causam as doenças. Dessa forma, as glândulas salivares da cigarrinha do milho são infectadas com as bactérias ou vírus e a próxima vez que for se alimentar, transmite os patógenos para as plantas sadias de milho.

Sintomas de risca do milho ou raiado fino. Fonte: Embrapa.
Sintomas de risca do milho ou raiado fino. Fonte: Embrapa.

As doenças sistêmicas transmitidas pela cigarrinha do milho podem ocasionar:

  • Redução da absorção de nutrientes pela planta;
  • Espigas menores e improdutivas;
  • Má formação dos grãos e da própria planta;
  • Geminação de multi-espigamento;
  • Altas perdas de produtividade.

Lembrando que a cigarrinha do milho tem preferência por plantas jovens, atacando principalmente durante a fase de estabelecimento da cultura.

Como identificar a cigarrinha do milho

Quanto antes identificar a cigarrinha do milho na lavoura, mais cedo é possível iniciar os manejos contra as possíveis doenças.

Dessa forma, é importante conhecer as características físicas da praga para a identificação. A cigarrinha adulta mede cerca de 3,7 a 4,3 mm de comprimento, as fêmeas normalmente são maiores que os machos. Podem apresentar a coloração branco-palha, até levemente acinzentada, com duas manchas pretas na cabeça e asas semitransparentes.

Cigarrinha do milho, Dalbulus maidis. Fonte: Embrapa.
Cigarrinha do milho, Dalbulus maidis. Fonte: Embrapa.

Os ovos medem em torno de 1mm e tem a coloração esbranquiçada. O ciclo de vida da cigarrinha (do ovo até a fase adulta) dura cerca 45 dias, considerando as condições ideais de temperatura entre 25° até 32°C.

Condições que favorecem a incidência da cigarrinha do milho

Alguns fatores favorecem a incidência e danos causados pela cigarrinha. Um fator significante é a ocorrência de muitas lavouras de milho de diferentes idades em uma mesma área, levando a sobreposição dos ciclos das plantas, favorecendo a multiplicação das cigarrinhas e migração do inseto de plantas adultas para plantas em estágios iniciais de desenvolvimento, visto que, como já mencionado, a cigarrinha prefere plantas jovens.

Outro ponto é a condição climática. Temperaturas elevadas, acima de 17°C a noite e de 27°C de dia, favorecem a multiplicação mais rápida das bactérias e vírus transmissores das doenças, tanto nas plantas doentes quanto nas cigarrinhas.

Além do mais, é necessário se atentar ao nível de suscetibilidade e resistência da cultivar de milho plantada.

Manejos adequados para o controle

Existem práticas que contribuem para o controle preventivo e corretivo das doenças transmitidas pela cigarrinha do milho em uma lavoura, sendo elas:

  • Eliminação do milho tigueira (voluntário), que se comportam como planta daninha e ponte verde para a cigarrinha;
  • Plantar sementes tratadas com inseticidas; gerando plantas resistentes às doenças transmitidas pelas cigarrinhas;
  • Caso ocorrer a infestação, evitar semeaduras vizinhas às lavouras atacadas;
  • De acordo com a incidência da praga, planejar a aplicação de inseticidas;
  • Rotacionar cultivares de milho entre uma safra e outra.

Conclusão

A cigarrinha do milho é um dos muitos desafios que o produtor rural enfrenta na hora de produzir no campo. Por isso, saber identificar o inseto e conhecer as principais doenças provocadas é fundamental para um controle eficaz da praga e garantir a máxima produtividade possível.

Fonte: Embrapa

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